Eu já pertenci somente a esse mundo, vaguei por sua
terra aspera e deixei-me cegar pela sua beleza. Bebendo de seu nectar, eu tive
uma vida perfeita. Uma terra arada feito poros, eu plantei minha doença e dela
fui abençoado. Abandonei qualquer relação existente, caminhei em direção as
vertentes mais puras. Das piores tempestades que enfrentei, cheguei até onde a
tormenta pode me levar. Aca cheguei serpente mãe, até seus pés empoeirados. Não
pude deixar de reparar em sua beleza, adormecida em uma parte humanamente
libidinosa desta face habitavel. Esquecida pelo tempo você entregou-se ao sono
eterno, deixou-se levar pelas dores de um mundo em chamas. Não o deixe queimar
serpente mãe, use sua sabedoria para manter-se juvenil entre tantos obstaculos.
E anos da minha vida lá permaneci, venerando e deliciando-me daquele paraíso
feito de trevas. Mas quando meus pulsos tentaram jorar sobre aquele
aconchegante ninho a dor de uma noção, ousei em caminhar e devastar as faces
dessa Terra. Eternas caminhadas levavam-me para mais longe de meu berço e mais
próximo de uma experiencia metamorfosica. De minhas costas fagulhas começaram a
brotar como um presente dos tempos. Minhas vertebras doiam a cada passo dado ao
meu destino, sentia-me levemente acariciado pelo mal. Eu quis descançar e
sentir o solo embebedar-me por sua dureza. Adormecer e lá permanecer, como
qualquer criatura que lá ousou pisar. Mas do meu destino não ousei sair!
Através dos meus pés cansados eu via os dias passarem e de meus lábios rachados
eu podia ter uma noção de quanto sede de vida eu sentia. De tempos em tempos,
imagens terríveis eu presenciava. Gotas de sangue escorriam e guiavam meu
trajeto para terras distintas. O mal novamente preparava-me novas surpresas! De
meu peito queimavam ancias e desejos. Não bastava apenas acariciar a carne de
meu peito, era preciso materializar os meus pesadelos, porém eu caminhava,
caminhava até esse desejo doentiu secar dentro de mim. Eu casei com a solidão e
me manti fiel a este matrimônio. Uma vida a dois pertencente apenas a um ser.
Um sentimento aconchegante e assustador a cada passo de minha existencia. Minha
caminhada inacabada mostrava-me novas cores, e assim, mais vivo eu me sentia.
Adrenalina anil fervilhava em minhas veias, havia momentos que eu deixava certas
luxurias me dominarem! Mas eu continuava a caminhar em busca do que seria o meu
destino. Houve uma noite, apenas uma, onde senti meus pés afundarem em uma
terra úmida. Lutei contra sua força superior, até cair feito um feto recém
espelido em seu hálito aspero. Aquele lençol amarelo invelhecido abraçava-me
como um filho que a muito fugil e retornava para o colo de sua figura materna.
Seu cheiro de nada acolhedor tinha e não lembrava nem um pouco o cheiro do
leito do qual eu fui concebido a este mundo. Do meu suor o manto provou e, com
pregnancia, esticou-se ao ponto de rigida novamente permanecer. Rigida
permaneceu por toda eternidade e eu, novamente, seguia em pequenos passos ao
meu destino. Em um determinado momento de um cheiro podre eu pude presenciar.
Estaria eu chegando ao meu final? O céu enegrecia de um tom nada festivo e de
minha garganta um furacão de blasfemia começou a brotar. Minha alma leve
novamente permanecia, porém minha essencia esvaziava-se. Aquele grito oco e
desesperado que de dentro de mim contaminava a Terra permaneceu forte e, a cada
passo dado de cada ser, a cada pulo que a humanidade lentamente dava, mais
forte e indestrutivel essa força se espalhava. E num estalo de consciencia,
minhas primeiras e únicas palavras neste solo de pagãos soltou as mais sábias
palavras já profanadas...
"E do ventre de uma simples matéria o mal foi
concebido. Não houve quem o desejasse, porém sua presencia seria totalmente
necessária a um lugar tão amavel como este. E desde de seu nascimento ele ousa
entrar dentro da carne mecanica de cada ser, dia após dia. E assim, mais
abençoado e mais protegido este lar permaneceu. E suas glórias aqui enraizada
ira ficar, até tudo para as chamas voltar!"
Jonathan Maciel
18 de março de 2012 20:38:51